[EM BREVE] Terceira Temporada

 
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Em Agosto, novos textos para você refletir.

Até lá!


Ao leitor

Caro leitor,


Por hora, nossos trabalhos se encerraram. É necessário um pouco de tempo para a inspiração de novos ares, possibilitando mais reflexões, sem perder a qualidade da escrita e a nobreza dos fundamentos.

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Grande abraço.




Gentil Pessegueiro

               Na janela de seu sobrado, estava Helena debruçada no parapeito, admirando o cenário, como de costume. Seus cabelos iam e vinham com o balanço do vento, que chacoalhava também as folhas das árvores, e derrubava aquelas que não mais se agarravam ao pecíolo com tanta força.
                A garota, imóvel, dividia-se entre a cama e a janela. Joelhos sobre o travesseiros, peito e braços na beira da janela. Era confortável.
                Adiante, via o frondoso Pessegueiro que há muito morava no jardim de seu vizinho. Seu tronco era espesso, seguro. Apoiava os longos galhos, os quais sustentavam o peso dos frutos carnosos.
                Contudo, Helena passou a focar-se em um acontecimento rotineiro, observado, anteriormente, com certa frequência.
                Um dos galhos era longo demais e atingia a janela de outra casa vizinha. Em dias de brisa forte como aquele, o galho arranhava o vidro, causando certo desconforto no residente.

                O homem, após períodos de tolerância, perdia a paciência e podava o longo braço do Pessegueiro. Golpes de fúria eram desferidos contra a árvore, por ele, na ausência de seu dono.

                Helena recordava-se das inúmeras vezes que havia se machucado, demasiadamente, na tentativa de colher alguns daqueles pêssegos. Eram deliciosos, e não os via todos os dias em sua mesa, muito menos sentia-os o gosto.

                Sensações de inconformismo e revolta transitavam por seu coração, levando embora a brandura, ao deparar-se com tais cenas, que se tornavam comuns.

                Como seria aquilo possível? Alguém que recebia deliciosos frutos, levados até sua janela, de muito bom grado, pelos braços da Mãe Natureza, além de não os desfrutar, atentava contra sua fonte.

                Helena, em seu lugar, receberia tais benefícios de bom grado, e cuidaria do produtor como se fosse seu. Era triste ver aquele deplorável cenário. Desistiu de assisti-lo.

                Naquele momento, sentiu uma lágrima chorar de seus olhos até o queixo. Enxugou-a com as mãos e virou-se para seu quarto. Desejou chorar mais e mais, porém, conteve-se. Ainda havia de entender que, por enquanto, nem todos são capazes de gozar das boas oportunidades. Por enquanto...
   



"Eu vos digo, em verdade, que são chegados os tempos em que todas as coisas hão de ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos." 
                                                                                                                         O Espírito de Verdade

Crescer

Ah, como é bonito! Sentir-se maior, mais sabido! Deveras, transição maravilhosa! Dói, todavia.
  
De maneira explicável, porém cruel, machuca, aflige. Nada é tão novo, pois fora observado pelos grandes de antes, os quais, agora, estão cada vez mais ao nosso lado e, ao mesmo tempo, cada vez menos. O não tão novo é, a partir de então, responsabilidade. O que era observado, torna-se, enfim, uma obrigação. Acaba-se a escola, pessoas se vão.
  
Surge, então, todo um reboliço incrível e discutivelmente alvoroçado acerca de um número que simboliza toda essa passagem, cujo foco se dá aos prazeres terrenos. Tais esses que trazem consigo -consequências, as quais, quiçá, “semi-adultos” não são capazes de arcar sozinhos.
  
Há sempre momentos de transição. Os atuais serão sempre mais sofridos que os já passados ou futuros. Tudo parece desmoronar-se na mente. Tênue estado.
  
Embora não há de ser assim.
  
Ruma-se para tempos em que mudanças já terão ocorrido. Passam, despercebidas, crises que hoje parecem insolúveis! Porque o objetivo será outro. O que hoje nos faz sofrer, amanhã há de enobrecer.



(...) "Não manches teu caminho.
        Serve sempre.
        Trabalha na extensão do bem." (...)
  

Olhando para trás


É tão interessante como as coisas passam.
  
            Olhamos para trás e nos deparamos com uma realidade em que tudo parecia tão intenso e difícil. Hoje, lidaríamos diferente, com certeza. Por quê?
  
            Aprendemos com aquilo que passou. Por isso, somos mais fortes hoje. Tornamo-nos mais maduros, naturalmente.
  
Olhando para trás, tudo era tão fácil! Desse modo, temos a certeza de o que passamos hoje será, um dia, descomplicado também. É libertador.
  
Como é bom ter a lucidez para entender que, mesmo quando algo é omitido de nós, há um porquê, o qual, muitas vezes, nos salva e nos mantém longe daquilo que é tóxico e nos atrai.
  
Como é bom poder fechar um ciclo sem depender que algo externo a nós aconteça. Isso é independência, madurez.






Sempre existem duas chaves.

Reconstrução


                Ainda não era noite, e Thomas passava junto à multidão de carros. Muito aperto, um reboliço total. Todos imitavam o trabalho executado pelas das formigas por todo um ano.
  
Ao parar no sinal, por alguns instantes, pôde observar, de perto, uma família grande. Todavia, não era isso que atraia seus olhares e admiração. As três meninas junto do pai e da mãe que segurava o bebê rente ao peito. Passavam o tempo esperando sossegadamente pelo momento tão aguardado: o primeiro dia do ano seguinte. Sentados sobre um imenso lençol azul com flores esbranquiçadas, em frente ao portão de sua casa, riam e trocavam afetos, como se mais ninguém, além deles, estivesse olhando.
  
                Como se atreviam? Se em tempos como aqueles, permanecer atrás de muros não era garantia de segurança, o que se diria sobre estar fora dos resguardos da casa?!
  
                Por ser véspera de Ano Novo, criam eles em uma súbita mudança nas pessoas? Passariam elas apenas a sorrir? Deixariam algumas de roubar, matar? Juntar-se-iam para comungar da mesma felicidade?
  
                Thomas sentia vontade de fazer o mesmo, unir-se àquelas pessoas. Entretanto, para não parecer insano, conteve-se.
  
                Achava aquela família que tudo estava transformado? Ano Novo, vida nova? 
  
Sabia Thomas que o Novo deveria ser construído e que, subitamente, poucas são as mudanças positivas que podem afetar um indivíduo.
  
Reconstrução... 
  
É de vital importância o primeiro passo. Do contrário, nunca mais serão vistos (não apenas em frente ao portão de casa) lençóis, famílias e felicidade. Menos ainda, flores brancas.
  



 "Só há um tempo em que é fundamental despertar. Esse tempo é agora."
                                                                                                                     Buda
 

Colorido dilema

              Faltavam apenas alguns dias para o baile, e Thomas precisava de um traje novo. O antigo era velho demais e não lhe servia mais. Como o tempo passa!
  
                Escolher roupas foi sempre uma missão penosa para o rapaz. Os novos estilos não agradavam seu gosto tradicional, conservador. Onde estavam as camisas simples e listradas, e as cintas de couro?
  
                Em dado momento, já sem esperanças, encontrou um modelo de camisa que lhe agradou. Não sendo tão moderno, nem tão ultrapassado, passou por suas exigências, sem tantos problemas.
  
                O tamanho era ideal, confortável. Entretanto, algo o incomodava. Cores, tão complicadas, por quê? O azul e o rosa eram de muito bom gosto, caíam bem. Porém, além do preço das peças, o controle soberano para não ceder às vontades impedia que Thomas comprasse as duas. Controle soberano... até demais.
  
                Aquela situação desconfortável de indecisão era desgastante e provocava raiva. Sentia-se arrependido de ter-se submetido àquilo. Ainda assim, era necessário fazer a escolha.
  
                O medo de arrepender-se sobrepujava tudo.
  
                Azul ou rosa? As cores não mais importavam muito naquele momento, por mais que fossem o “X” da questão. O temor da escolha durou alguns minutos. Opiniões diferentes foram dadas ao rapaz, na tentativa de retirá-lo daquele martírio autoinfligido.
  
                Esperou mais um dia para chegar à sua decisão. Thomas ouviu falas diferentes, gostos diferentes. Talvez, fora imprescindível para que a fizesse. Seguindo, também, a voz de seu coração, fez a escolha.
 
                Em situações que demandam ponderação, a contribuição de outras pessoas é valorosa, até mesmo necessária. Não obstante, a decisão é responsabilidade de quem a toma, junto de suas consequências. Toda resolução implica em uma renúncia.
  
Se a escolha de Thomas foi feliz? Quem sabe... Importa a ele; e a ele somente.
  








"Imaginação é mais importante do que conhecimento. Conhecimento é limitado. Imaginação abrange o mundo."
              Albert Einstein