TEXTO DE ROSE MORO
Eu vejo a juventude com seus risos rasgados, seus espaços ilimitados: onde estão é tudo o que se vê, sua presença tem um colorido incomparável, contagiante.
Tão cheia de certezas é a juventude que solenemente faz mil juras, cujos teores nem sonha não poder cumprir.
Ah, como é bela a juventude! Cheia de expectativas e sonhos, repleta de festas e encontros tão leves quanto intensos!
Não fosse saber que também levam seus sofrimentos (porque também me lembro deles!) e sentiria invejas...
A juventude é a borboleta já saída do casulo, deixou pra trás a feiura da lagarta e deslumbra-se no frescor e colorido das asas que bordam os jardins da vida. Contudo, quão breve vida têm as borboletas!
Apreciá-las é preciso... estremecer de encanto... fruir sua presença é imprescindível... Mas, verdade é que não se pode perder-se nesse deleite! Corre-se o risco de deter-se no tempo e arrancar-se à vida, pois a vida... a vida segue!
E há algo que a juventude não pode oferecer: o desencanto!
Quão bem nos faz o desencanto! É claro que necessitamos do encanto como condição para seguir sonhando, contudo a desilusão assegura-nos o crescimento, a certeza de que nada, absolutamente nada, orbita em tornos de nós e deve ser grande o empenho em construir alicerces legítimos que propiciem voos seguros.
Havemos de nos fazer crescidos para lidar com as dores, com os amargores da vida, pois só a madureza nos assegura a condição se seguir após os temporais, contudo, havemos de cultivar algo da juventude em nosso espírito. Alguma doçura e arrebatamento há que resistir, pois não há graça em apoderar-se da maturidade deixando pra trás o deslumbramento da borboleta! Suas asas hão de dar leveza aos momentos de angústia e escolhas!
Cá estamos, desejantes de sermos... maduras borboletas!
"Nos demais, todo mundo sabe, o coração tem moradia certa, fica bem aqui no meio do peito, mas comigo a anatomia ficou louca, sou todo coração."
Maiakovski